Não é bem um Cavalheiro.
Filho bastardo de um Duque, Devlin Farrell está prestes a se vingar pela morte de sua mãe.
E irá mesmo tão longe ao ponto de sequestrar a noiva de seu inimigo no altar!
Lilly O'Rourke é apenas um peão inocente no plano de Devlin. Apesar de arruinar a reputação dela, não quer lhe fazer nenhum mal, embora seja difícil bancar o perfeito cavalheiro quando está lutando para resistir à sua beleza tentadora.
Mas Devlin viveu tanto tempo alimentando sua vingança, que pode agora esquecer esse desejo, libertar Lilly, salvando a si mesmo?
*****
— Pensativa senhorita?
Lillian ofegou e virou-se para encontrar um homem em mangas de camisa de pé debaixo do salgueiro. Um jardineiro ou o chefe dos estábulos. Ela virou-se sem falar.
Uma risada profunda causou um pequeno arrepio de mau agouro escorregando por sua espinha.
— Senhorita Lillian, não é?
— Senhorita O'Rourke, — ela corrigiu sem se virar.
O homem deu a volta no banco e deu-lhe um sorriso insolente. Sentiu-se toda ofegante e nervosa. E havia estado espionando-a.
Ela empinou o nariz para cima, fingindo indiferença.
— Pode falar comigo. Prometo que não mordo.
O olhou novamente e notou que tinha uma jaqueta cara pendurada no braço. Não era um jardineiro. Mas era mais perturbador do que pensava. Não, não parecia adequado de qualquer modo. Ele parecia o tipo de homem que poderia arruinar uma mulher...
— Então, Senhorita O'Rourke, está para se tornar uma Duquesa. Que sorte para você.
Capítulo Um
Londres, 27 de Julho de 1821.
Esta não foi a primeira vez que Devlin Farrell havia penetrado nos terrenos de Rutherford House para observar as pessoas dentro da casa. Longe disso. Ele conhecia os moradores quase tão bem quanto conhecia a si mesmo. Sabia o que eles gostavam e não gostavam, quando se moviam, para onde foram e o que queriam.
E sabia, também, quando os eventos aconteceriam em Rutherford House e isso lhe permitia assisti-los e, por vezes, se misturar. Como esta noite. Não havia muito, de fato, que não soubesse sobre Lorde Rutherford e sua ninhada.
Envolto e protegido pelos ramos de um salgueiro, passou despercebido por casais passeando e os retardatários ocasionais. Tinha um pequeno receio de ser descoberto. Havia demasiadas pessoas para controlar esta noite. Com a lábia certa, poderia até entrar no salão e misturar-se.
Ninguém iria reconhecê-lo, e se o fizessem, certamente não iriam denunciá-lo para não se entregarem. Devlin não era um homem que as pessoas admitiam conhecer.
Lanternas de papel de cores vivas iluminavam os caminhos e o som de uma orquestra flutuava do salão de baile sobre uma brisa de verão tão suave como uma carícia no rosto. Risos enchiam o ar, junto com o tilintar de copos, e sabia que o vinho seria como o Tâmisa, fluiria livremente.
Devlin tirou o casaco e pendurou-o ao longo de um galho para erguer as mangas da camisa para cima. A noite estava extraordinariamente abafada e não tinha a menor preocupação sobre como um cavalheiro deveria se apresentar em público. Ele não era um cavalheiro.
— Oh, Lorde Olney! Você está se afastando muito do caminho.
Edward Manlay? Marquês de Olney e herdeiro do Duque de Rutherford? Devlin se virou em direção à voz. Descendo o caminho em direção ao banco sob o salgueiro estava o herdeiro de Rutherford, o magro e desengonçado Olney, e uma criatura que lembrava uma fada cujo cabelo cor de mel ficou prateado pela claridade do luar.
Ela usava um vestido azul escuro, convertido num tom quase preto devido à profundidade da noite, e estampado com bordados de pequenos pássaros brancos em voo. Muito apropriado para alguém tão etéreo.
Escondeu-se atrás do tronco da árvore e se encostou nela, observando entre os ramos, curioso para ver o que Olney faria em seguida. Tendo em conta que este era o banco favorito do filhote para suas seduções, perguntou-se, maltrataria sua companheira, como fizera com outras mulheres infelizes em inúmeras ocasiões? Ou bocejaria e arranjaria uma desculpa para voltar ao salão de baile?
— Diga que será minha e vou passar o resto dos meus dias me afastando com você.
— Está propondo casamento, senhor, ou algo diferente?
Olney envaideceu-se, provavelmente sabendo perfeitamente que um Marquês, não importa seu caráter, seria considerado um bom partido.
— Casamento, Senhorita Lillian. Nunca quis alguém tão desesperadamente como a quero minha querida. Você roubou meu coração completamente.
A deslumbrante Senhorita Lillian se sentou no banco e o herdeiro do Duque se empoleirou ao lado dela.
— Penso que dificilmente seu pai me acharia adequada, uma vez que não possuo título de nobreza nem sou possuidora de um magnífico dote.
As sobrancelhas de Olney franziram. Devlin não conhecia aquele olhar. Estaria enrolando a pirralha para assegurá-la, ou estava realmente atormentado?
— Ele está ansioso para me ver casado. Posso convencê-lo a pensar à minha maneira. Confie em mim.
Ela abriu o leque e começou a movê-lo indolentemente, não era um artifício ou afetação pela noite abafada, mas uma tentativa genuína para esfriar-se. Devlin poderia facilmente ver os atrativos da garota, beleza, graça natural, autocontrole e uma atitude orgulhosa. Sim, era tudo o que Devlin jamais poderia ter e que Olney esperaria como se fosse de direito.
— Mesmo assim, — a garota disse, — acho que ele não iria gostar disto.
Olney prendeu-lhe a mão e puxou-a para encará-lo. — Tenho que tê-la. Não consigo tolerar a forma como os outros homens estão observando-a, cortejando-a, farejando em torno de você como vira-latas atrás de...
Série Irmãs O'Rourke
1- Indiscrições
2- Beijos de Fel
3- Despindo Lilly