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Sob a Lei da Paixão

Sob a Lei da Paixão



Um acordo pouco conveniente

Rachel Bailey pode ser apenas mais uma linda forasteira para os moradores de Reidsville, no Colorado, mas o xerife Wyatt Cooper sabe que ela é muito mais que isso. 

Por uma reviravolta do destino, Rachel é a herdeira de um bem muito valioso: a ferrovia que mantém aquela isolada cidadezinha mineira conectada ao resto do mundo. 
Ou melhor, ela será, se concordar com a surpreendente condição estipulada no testamento de seu benfeitor e casar-se com Wyatt.
Rachel não tem escolha: recusar o casamento poderá significar deixar o valioso patrimônio de Reidsville nas mãos de um tirano cruel, justamente o homem de quem ela está fugindo. 
Por outro lado, viver com Wyatt será um enorme desafio, pois, com um homem como aquele, será difícil fazer de conta que o casamento é apenas no papel...
E quando o assustador passado de Rachel vier à tona, as coisas podem se complicar ainda mais, e o perigo se tornar ainda maior...

Capítulo Um

Reidsville, Colorado Setembro de 1882.
Com as mãos apoiadas na balaustrada de madeira do segundo pavimento, Wyatt Cooper ficou a observá-la atravessar a rua, no horário costumeiro, em sua direção. 

Admirá-la era um prazer como poucos, e ele era capaz de apostar que mais de uma dezena de homens diminuía o passo na calçada de madeira entre o Bazar Morrison e a cocheira de Redmond para fazer o mesmo. 
Outros, como Abe Dishman e Ned Beaumont, certamente levantavam os olhos do jogo de damas com que se distraíam todas as tardes em frente à Panificadora Easter para contemplá-la. 
Ou Johnny Winslow, que devia estar varrendo o passeio diante do Restaurante Longabach’s, indiferente ao fato de que a Sra. Longabach talvez estivesse precisando dele para lavar panelas ou carregar água. 
Até o Sr. Longabach sempre encontrava um pretexto para sair à rua, mesmo que fosse só para dizer a Johnny que não se demorasse.
Jacob Reston administrava o banco e empregava dois caixas, que corriam abandonando seus cubículos para esgueirar-se até a porta do estabelecimento. 
Já Jacob tinha uma visão privilegiada do passeio público, uma vez que sua mesa ficava junto à janela e sua poltrona era giratória. 
Ed Kennedy provavelmente fizera uma pausa no trabalho de malhar as ferraduras em sua oficina de ferreiro para admirá-la e, aproveitando a oportunidade para exibir a boa compleição física que Deus e a labuta do dia a dia haviam lhe dado, por certo iria tomar um pouco de ar fresco à porta da ferraria.
Enquanto a via passar diante da Botica Caldwell e pelo gabinete do xerife, Wyatt tamborilou os dedos na cadência dos passos firmes e elegantes. 
E embora ela desaparecesse de seu campo de visão quando o percurso obrigou-a a passar sob o toldo do Bar Miner Key, ele continuou movendo os dedos ritmicamente até vê-la rea­parecer na calçada banhada de sol.
Um pouco antes de ela chegar ao destino, Wyatt perce­beu que já não se encontrava sozinho.
— Você não é nem um pouco ciumenta, não, Rose? — indagou ele.
— Não tenho motivos para ser. E ciúme é um desper­dício de emoções. — Rose também se apoiou no parapei­to, e uma lufada de vento agitou os babados da bainha de suas anáguas. Os pequenos remoinhos de poeira que se ergueram na rua eram um transtorno de mínimas propor­ções em comparação às poças de lama que costumavam aparecer depois de uma boa chuvarada. — Está pensando em cortejá-la?
— Não.
— Então por que a olha com admiração como todos os outros homens da cidade?
— E se ela estiver planejando roubar o banco?
— Ora, você sabe muito bem que ela não vai fazer nada disso. Assaltantes de banco vêm e vão, mal param na cidade. Ela está aqui já faz um ano.
— Quinze meses.
— Eu sabia...




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