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O Rebelde e a Inocente

O Rebelde e a Inocente




Ela conseguirá domar o rebelde mais notório da sociedade?

Domino de Silva parece ser a mais inocente das jovens: bela, pura e casta. 
Sua alegria encanta o mundo. 
Mas tudo muda durante um verão em Brighton recheado de deliciosas tentações. 
A reputação de Joshua Marchmain o qualifica como o libertino mais escandaloso da sociedade. 
De alto porte, louro e perversamente bonito, seu perigoso poder de sedução é capaz de destruir a alma da dama mais decente. 
Entretanto, algo como uma força irresistível une Joshua e Domino, ainda que existam pessoas bastante dispostas a separá-los...

Capítulo Um

Domino de Silva ergueu o rosto para o sol cálido e deu um suspiro de contentamento. As mais suaves ondas sussurravam por entre as pedrinhas a seus pés e a enorme abóbada do céu se espalhava até encontrar o horizonte distante. 
Ela fechou os olhos de prazer. Por um curto tempo, pelo menos, ela estava livre; muito em breve ela teria de voltar a casa em Marine Parade e ao inevitável interrogatório de sua prima. Se pelo menos seu pai mandasse Carmela de volta para a Espanha, Domino poderia verdadeiramente aproveitar este último verão antes do futuro lúgubre a que já se resignara.
Mas Papa não faria isso. Suas austeras tias em Madrid só haviam aceitado hospedá-la se sua prima a acompanhasse.
— Acho que você deixou isto cair.
Domino foi arrancada de seus devaneios por uma voz amigável, perturbadora em sua intimidade. Protegendo os olhos contra a claridade do sol, vislumbrou uma silhueta esbelta, porém musculosa. O homem oferecia a ela um lenço de cambraia amarrotado, que parecia ter sido pisoteado e arrastado pela areia e pelo mar.
Domino balançou a cabeça enfaticamente.
— Obrigada, mas não. Esse lenço não é meu.
— A senhorita tem certeza?
— Acho que eu devo saber muito bem o que é meu — respondeu ela, com algum azedume.
— Naturalmente. Mas a senhorita estava tão absorta que pensei que pudesse ter deixado algo cair sem perceber.
Domino sentiu que começava a se irritar. Quem quer que fosse aquele homem, ele estava invadindo os poucos minutos de solidão que ela ainda tinha.
— Como já disse, senhor, receio que esteja enganado.
A voz dela era glacial, mas isso não pareceu perturbá-lo, porque ele aproveitou a oportunidade para chegar mais perto. Domino não pôde deixar de notar um par de pernas bem-feitas vestidas em uma calça justa de um tom castanho claro e um casaco de casimira azul perfeitamente ajustado a ombros poderosos. Botas de cano alto do tipo militar, extremamente polidas, completavam o traje muito pouco adequado a uma praia provinciana.
— Parece que me enganei — admitiu ele —, mas não me arrependo. O engano me deu a oportunidade de falar com uma jovem extremamente bela.
Domino ficou atônita com a audácia do estranho. A voz e as roupas denotavam um cavalheiro, mas nenhum cavalheiro que ela conhecia se dirigiria a uma dama dessa forma.
— Eu ficaria grata, senhor — disse ela, na mais distante das vozes —, se o senhor me deixasse em paz para apreciar esta magnífica vista.
Ele riu baixinho e pela primeira vez o olhar dela subiu até o rosto dele, deixando-a afetada pelo que viu. Domino não havia notado o quanto ele era jovem e bonito. Seu cabelo caía despreocupadamente pela testa e um par de olhos castanhos dourados se demorava sobre ela de uma forma que a fez enrubescer de irritação. Uma pequena cicatriz do lado direito de seu rosto só fazia deixá-lo ainda mais atraente.
Os olhos salpicados de ouro a consideraram preguiçosamente, divertidos.
— Não sou surdo ao seu pedido — disse ele, lentamente —, mas ele me coloca em uma situação desconfortável.
— Como assim?
— Meu desejo de atender uma dama vai contra meu forte senso de dever. — O silêncio teimoso dela não o deteve. — Meu desejo de atendê-la exige que eu vá embora neste minuto e a deixe a sós.
— Por favor.
— Se fosse tão simples — exclamou ele, tristemente. — Mas o cavalheirismo exige que eu ponha meu dever em primeiro lugar. Já que você parece estar inteiramente desacompanhada, claramente isso me obriga a ficar, como seu guardião. — Que sorte, então, que eu possa tirá-lo desse dilema!


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