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O Desconhecido

O Desconhecido



Irlanda, 1850 
Siobhán Desmond sobreviveu à fome, à tirania e à traição. 

Com a aproximação do inverno e poucas esperanças para o futuro, ela fará qualquer coisa para sustentar o que sobrou de sua família, mesmo que isso signifique trabalhar para o novo lorde do vilarejo de Ballycashel, um forasteiro perigosamente atraente, que esconde segredos no olhar e dor no sorriso... 
O desafio é grande para Rory O’Brien quando ele retorna a Ballycashel após anos de exílio. 
Mas será que aquele vilarejo que o assombra desde a infância poderá oferecer salvação para ele e sua filha? 
Ou os fantasmas do passado e antigos inimigos destruirão a nova vida que ele está aprendendo a amar? 
À medida que o perigo ameaça a todos, resta a Rory e Siobhán tentar corrigir os erros do passado e proteger sua recém-descoberta paixão... 

Capítulo Um 

Inverno
— Ballycashel foi vendido! — Paddy Devlin, um dos poucos homens jovens da aldeia, trouxe a notícia.
Esperança e temor se confundiam em cada uma das expressões do pequeno grupo reunido na cozinha de Siobhán. Ela congelou no ato de cuidar do fogo e se virou com o coração disparado no peito.
— Como você sabe, jovem Paddy? — exigiu Eileen O’Farrell, amiga de sua querida mãe. — Quem teria lhe contado tais mentiras?
— Não é mentira! — Paddy respondeu com toda a indignação de seus dezessete anos. — Pois não fui eu quem viu os advogados na casa, e não foi o próprio padre Conor quem me contou?
— Então, deve ser verdade — disse Liam Brady de sua cadeira habitual perto do fogo, ao lado de vovó Meg. O ancião olhou fixamente ao redor, perscrutando os rostos familiares, muitos dos quais ele tinha visto crescer até a idade adulta, viver, amar e perder a família, os filhos, os pais, os maridos e as esposas ao longo dos últimos anos. — Graças a Deus, essa pode ser nossa salvação.
— Ou nossa ruína — acrescentou Mary Daly que, apesar da expressão amarga e do pessimismo, era incapaz de fazer mal a alguém. — Quem é o tal homem que Paddy viu? Pode ser um dos proprietários ausentes, ou, que Deus proíba todo o mal, outro lorde Percival Glenleigh.
Mary cuspiu ao pronunciar o nome odiado, e um silêncio caiu sobre o pequeno grupo de valorosos sobreviventes da dominação de Glenleigh sobre a aldeia.

Olhares inquietos voaram de um para outro. Siobhán, que ouvia sem emitir qualquer comentário, manteve-se perto do fogo, tentando ignorar o arrepio que corria por sua espinha à simples menção do falecido lorde.
Nos últimos três meses, a vergonha a mantivera em silêncio. Não confidenciara o torturante segredo sobre a morte do senhorio nem mesmo para sua amada avó Meg.
O fantasma de lorde Glenleigh a perseguia. Nas primeiras horas da madrugada, pouco antes de o galo cantar, o olhar malévolo recaía sobre ela, despertando-a com um sobressalto, fazendo-a ofegar e tremer como uma folha seca num vendaval.
— Por que está tão quieta? Está pensando no novo proprietário?
Siobhán levantou os olhos do fogo para a doce expressão de Nora MacGreevy, sua melhor amiga e confidente. Nora guardava todos os seus segredos e ficara do seu lado durante o casamento, assim como ela tinha feito quando a amiga aceitara o pedido de casamento de Tom Flynn, pouco tempo antes. 
Ela amava Nora tanto quanto amava suas irmãs. Na verdade, a amiga era como uma tia para Ashleen, sua filha.
— Ou no velho proprietário? — Tom perguntou com uma carranca que distorcia suas belas feições.
— Nenhum mestre poderia ser pior que Glenleigh. Ele quase destruiu o vilarejo, deixando-nos na miséria e aumentando o aluguel até que ninguém pudesse pagar. E quanto ao que ele fez com Michael e Sean...
     

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