É conhecido como Conde Diabo, um canalha acusado de assassinato, que cresceu nas violentas ruas de Londres.
Uma dama decente arrisca muito mais que a reputação quando se associa com o diabolicamente belo Lucian Langdon, mas lady Catherine Mabry acredita não ter outra opção.
Faria qualquer coisa para proteger aqueles a quem ama... Inclusive chegar a um acordo com o próprio demônio.
O que Lucian deseja acima de tudo é alcançar a respeitabilidade e uma esposa, mas a mulher escolhida carece de habilidades sociais para ser aceita pela aristocracia. Catherine pode ajudá-lo a conseguir tudo o que quer.
Mas o que lhe pede em troca colocará suas vidas em risco.
Quando o perigo se aproxima, Catherine descobre um homem de imensa paixão e ele descobre uma mulher de incomensurável coragem.
Quando se revelam os sombrios segredos de seu passado, Lucian começa a questionar-se sobre tudo aquilo que acreditava certo, incluindo os desejos de seu próprio coração.
Capítulo Um
Londres, 1851
Sempre dizem que não se deve falar do diabo porque, ao fazê-lo, pode-se atrair sua ardente atenção. Por isso, muito poucos aristocratas falavam de Lucian Langdon, o conde de Claybourne. Entretanto, lady Catherine Mabry, oculta nas sombras da meia-noite, a escassa distância da residência dele, não podia negar que havia se sentido fascinada pelo conde Diabo desde que este se atreveu a apresentar-se em um baile ao qual não havia sido convidado.
Não dançou com ninguém. Não falou com ninguém. Limitou-se a passear pelo salão com atitude de estar avaliando todos os pressente e acabar por decidir que nenhum tinha o menor interesse.
O que mais a inquietou foi que o conde posou seu olhar sobre ela, atrasando-se um ou dois segundos mais do apropriado.
Catherine não piscou nem afastou a vista, embora tivesse que esforçar-se muito por não fazer nenhuma das duas coisas; conseguiu sustentar o olhar com todo o inocente descaramento de que é capaz uma jovem de dezessete anos.
Orgulhou-se de conseguir que fosse ele o primeiro em deixar de olhar. Mas não antes que ao estranhos olhos prateados se obscurecessem e parecessem arder na profundidade do inferno de onde se dizia que havia saído.
Muito poucos acreditavam que fosse o herdeiro legítimo, mas ninguém se atreveu jamais a questioná-lo. Afinal, todo mundo sabia que era muito capaz de cometer um assassinato. Ele nunca se incomodou em negar que tivesse matado o único filho e herdeiro do conde anterior.
Aquela noite, quando se apresentou no baile, pareceu que até o último dos convidados contivera o fôlego; dava a sensação de que todos estivessem esperando ver onde golpearia ou sobre quem descontaria a raiva. Naquela época, todos sabiam já que não era um homem de bom caráter, por isso só se podia assumir que compareceu com algum vil propósito em mente.
Certamente era consciente de que nenhuma das damas presente se atreveria a arriscar a reputação dançando com o conde de Claybourne, e que nenhum cavalheiro permitiria que se questionasse sua respeitabilidade conversando abertamente e de bom grado com ele em um lugar tão público.
Pouco depois, partiu caminhando com tranquilidade, como se estivesse procurando alguém e, ao não encontrá-lo, decidisse que o resto dos presentes não valia a pena. Isso foi o que mais irritou Catherine.
Para sua imensa vergonha, devia admitir que houvesse desejado desesperadamente dançar com ele, que a segurasse entre seus braços e pudesse contemplar uma vez mais aqueles ardentes olhos prateados que inclusive nesse instante, cinco anos depois, continuavam enfeitiçando seus sonhos.
A úmida névoa espessava, e Catherine subiu o capuz da capa para se aquecer enquanto estudava a residência do conde com atenção, em busca de alguma pista que lhe indicasse que ele estava em casa.
Não estava segura de que a fascinação que sentia fosse muito inocente. Na realidade, estava bastante segura de que não era.
Não podia dizer com exatidão o que tanto a interessava naquele homem, o único que sabia era que se sentia irremediavelmente atraída por ele.
Às escondidas, sem que sua família soubesse, depois do primeiro encontro, atreveu-se inclusive a lhe enviar convites para seus bailes e jantares que um servente da mais absoluta confiança entregava em mãos.
O conde jamais se incomodou em agradecer, nem em assistir a nenhuma de suas reuniões. Por isso Catherine sabia, além da noite do baile em que ela o tinha visto pela primeira vez, jamais havia voltado a fazer ato de presença em nenhum outro evento social.
Não era nenhum segredo que não era bem recebido nas melhores casas, por isso se sentia bastante insultada de que rechaçasse suas tentativas de incluí-lo em sua vida. Embora Catherine devesse admitir que os motivos pelos quais queria conseguir tal propósito eram bastante egoístas e não inteiramente respeitáveis. Agora já não podia se dar ao luxo de tentar chegar a ele mediante belos convites em relevo.
Estava decidida a falar com o conde, e se não podia fazê-lo na segurança de um salão cheio de gente, então o faria na privacidade da própria residência deste.
Um calafrio lhe percorreu as costas; tentou atribuí-lo ao frio da névoa, mais que a sua própria covardia. Levava bastante tempo esperando entre as sombras e a umidade a tinha impregnado até os ossos.
Se não se aproximasse logo daquela porta, ao final seria incapaz de parar de tremer e seu plano fracassaria.
Tinha que aparentar que não era nenhum problema falar com ele, se não, só ganharia seu desdém e isso não lhe serviria para nada.
Série Órfãos de Saint James
1– Na Cama com o Diabo
2– Desejando o Demônio
3– O Nobre e a Plebéia
4- Midnight Pleasures with a Scroundel