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Rendição

Rendição



Laura Prescott, uma aristocrata bostoniana conhece o verdadeiro significado do que é se entregar quando se apaixona terna e apaixonadamente por um estranho: Jason Moram, seu marido.









Capítulo Um


Novembro de 1880, Boston.
Quão último esperava Jason Moram quando abriu a porta de sua biblioteca era a visão de sua esposa sendo beijada por outro homem. Talvez a esposa de alguém mais recorresse a encontros clandestinos, mas não a dele. Não havia segredos em Laura... Ou ao menos isso tinha pensado ele. Seus olhos negros se entrecerraram enquanto a sensação desconhecida dos ciúmes lhe congelava a boca do estômago.
O casal se separou de um salto logo que se abriu a porta. A leve música de Strauss se escutava flutuando da festa, dissipando qualquer ilusão de privacidade que os dois pudessem ter tido. Laura levou as mãos às bochechas pela surpresa, mas que não ocultou o fato de que tinha estado chorando.
Jason rompeu o silêncio com uma voz zombadora.
-Não é uma anfitriã atenta, querida. Alguns dos convidados estiveram perguntando por ti.
Laura alisou o cabelo castanho e se recompôs com uma velocidade milagrosa, assumindo sua habitual máscara inexpressiva.
-Não pareça tão ansioso, Perry, - disse ao outro homem, que tinha avermelhado a um tom escarlate. -Jason entende um beijo entre amigos, - seus olhos verdes piscaram em direção a seu marido. -Não é assim, Jason?
-Oh, entendo tudo a respeito dos... Amigos, - respondeu Jason, apoiando o ombro contra a porta. Nunca o tinha visto tão perigoso como nesse momento, seus olhos negros tão duros e brilhantes como diamantes. -Talvez seu amigo possa ser o suficientemente amável para nos permitir um pouco de privacidade, Laura.
Isso foi todo o impulso que Perry Whitton necessitou para escapar. Murmurando alguma desculpa, deslizou-se pela porta, puxando a gola alta e engomada de sua camisa, para facilitar o fluxo de sangue a seu rosto.
-Whitton, - meditou Jason, fechando a porta atrás da figura em retirada. -Não é a opção mais óbvia para um enlace romântico, não?
Perry Whitton era um solteiro tímido, de meia idade, amigo de algumas das mulheres mais influentes na sociedade de Boston. Tinha inumeráveis amizades femininas, mas nunca mostrou um interesse romântico por nenhuma delas. A aparência de Whitton era agradável, mas não ameaçadora, suas maneiras interessantes, mas não coquetes. Qualquer marido se sentiria completamente seguro em deixar a sua esposa em companhia de Whitton.
-Sabe que não se trata disso, - disse Laura em voz baixa.
Perry tinha sido um conhecido dos Prescott durante anos, o beijo tinha sido um gesto de simpatia, não de paixão. Quando Laura lhe deu a boas-vindas à festa, Perry tinha visto a tensão em seu rosto e a infelicidade sob suas cortesias sociais.
-Está tão bonita como sempre, - disse-lhe Perry amavelmente, - mas me atreveria a dizer que há algo que lhe preocupa.
Assim era em efeito. Laura não tinha intenção de lhe confiar seus problemas com Jason, mas para seu horror, deu-se conta que estava a ponto de chorar. Teria preferido morrer antes de fazer uma cena emotiva. Entendendo seu dilema, Perry a tinha levado a um lugar privado. E antes que pudesse dizer uma palavra, ele a tinha beijado.
-Jason, certamente não pode pensar que há sentimentos românticos entre Perry e eu, - disse em um tom cauteloso.
Estremeceu de inquietação quando seu marido se aproximou dela e lhe agarrou os braços.
-Você me pertence, - disse com voz rouca.- Cada centímetro teu - seus olhos percorreram o traje de noite de cetim que usava. – Seu rosto, seu corpo, cada pensamento. O fato de que eu não queira participar de seus favores não quer dizer que te permitirei que os conceda a qualquer outro homem. É minha e só minha.





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