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A Esposa Perfeita

A Esposa Perfeita




Regina Morrisey tinha uma personalidade vivaz e uma educação impecável... mas nenhuma ideia de como cuidar de uma casa ou administrar qualquer serviço doméstico.

Isso, no entanto, não impediu que seu pai, um diplomata inglês na Argélia, casasse a filha por procuração com o marquês de Daniston.
Como se não bastasse ter de trocar a exótica e ensolarada Argélia pela sombria e cinzenta Inglaterra, Regina se viu, da noite para o dia, em posição de subserviência a um marido muito mais interessado em assuntos superficiais do que em nutrir sentimentos importantes como amor e companheirismo...
Lorde Daniston concordou em se casar com Regina Morrisey apenas porque precisava de uma esposa, de uma esposa que não se intrometesse em seus negócios, que tomasse conta da casa com eficiência e aquecesse sua cama por tempo suficiente para lhe dar um herdeiro.
Entretanto, uma mulher de lindos cabelos da cor do fogo, atrevida e impertinente, disposta a discutir assuntos como política, entre outros, não era bem o que ele tinha em mente...
E muito menos uma que despertasse em seu coração um anseio novo e desconhecido, algo que seria muito difícil ignorar, por mais que ele quisesse...

Capítulo Um

Marcus Aurelius Octavius Whyte, terceiro marquês de Daniston e herdeiro de Sua Alteza, o duque de Attleby, acordou, fitou o ombro macio da amante e blasfemou.
Chegara o dia em que teria de conhecer sua esposa!
Pulou da cama e tocou a sineta para chamar o criado pessoal. Onde estava Andrews? O camarada não poderia esquecer a importância daquele dia.
— Marcus?
Relanceou um olhar para a cama e não pôde deixar de sorrir ao ver o rosto atraente. Querida Jocelyn! 
Ela fora um achado! Era com orgulho que se lembrava da madrugada em um parque bem ao longe de Mayfair, quando tivera de convencer o último amancebado da jovem a respeito de suas intenções sérias de tomá-la como amante. Ouvira rumores de que ninguém suplantava o capitão Stapleton quando desafiava um amigo. Na verdade, Marcus tinha de aceitar que a humilhação sofrida por Stapleton naquela noite se devia às inúmeras garrafas de vinho que o capitão consumira. Pouco importava. Marcus desejara Jocelyn e conseguira.
Tudo seria perfeito, não fosse pela esposa que lhe impingiam. A família, preocupada com sua insistência em permanecer solteiro e em consequência sem um filho para herdar o título, arranjara aquele casamento.
— Querida, sinto perturbá-la — Marcus murmurou e abaixou-se para beijar o ombro desnudo. A pele de Jocelyn tinha um perfume delicioso dos cremes que ela enfileirava no toucador situado perto da janela.
Encontrara essa pequena casa na cidade, bem perto de Berkeley Square, o que era muito conveniente, e deixara a decoração por conta de Jocelyn. Deplorava o quarto com tantas rendas e frivolidades, mas era o que combinava com ela. Jocelyn era o epítome da feminilidade, ansiosa por adorar e ser adorada, exatamente o que ele desejava em uma mulher.
— Mal amanheceu — ela se queixou. — Por que você vai embora tão cedo?
— Volte a dormir. Retornarei o mais depressa possível.
— Esta noite?
Marcus pegou o calção. Onde estava o maldito Andrews? Precisava de um colarinho limpo antes de voltar para a casa de seu pai em Berkeley Square.
— Talvez eu não possa vir hoje — ele afirmou com estudado pouco-caso, enquanto abotoava o calção.
— Meu amor, você sabe o quanto eu queria ir esta noite à festa de lady St. Giles.
— Querida, não insista. Será impossível.
— Eu planejava usar o meu vestido dourado novo, aquele que você estava ansioso para ver.
Marcus agradeceu estar de costas para ela. Agradava-o a elegância de Jocelyn usando um dos trajes da coleção que lhe custava tão caro, mas não se imaginava ansioso para ver nenhuma roupa nova.
— Terei de adiar o prazer para outra ocasião — ele contornou, calçando as botas.
— Mas por quê?
— Tenho um compromisso esta noite, minha querida.
Jocelyn sentou-se, segurando o lençol de encontro aos seios volumosos, mas de maneira a deixar visíveis as curvas voluptuosas. O sono não lhe suavizava o rosto e Marcus imaginou se ela não fingia a sonolência para arrastá-lo de novo para a cama. O jogo que funcionara em outros dias, não teve efeito.
— Ela vem hoje, não é? — Jocelyn gritou.
— Meu bem, eu a avisei que este dia se aproximava.
— Você voltará para mim?
Os imensos olhos azuis, encantadores e extravasando promessas, fizeram-no pensar em ficar ali mais uma hora ou duas, e ele acariciou as longas tranças negras.
— Meu amor, não se preocupe em demasia. Ela será apenas uma esposa.
— Uma esposa que não entenderá suas necessidades!



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