Nascida plebeia, Hannah Reid tem sido Duquesa de Dunbarton desde seus dezenove anos, quando casou com o velho Duque, a quem, segundo os rumores, era constantemente infiel.
Agora seu marido morreu e mais bela que nunca aos trinta anos, Hannah conseguiu a liberdade que tanto desejava.
Para o choque de sua convencional amiga, anunciou sua intenção de ter um amante – e não um amante qualquer senão o mais perigoso e atraente de toda a alta Sociedade londrina: Constantine Huxtable.
A ilegitimidade de Constantine negou o título de Conde a ele, então agora não nega nada a si próprio.
Dizem que leva uma vida fácil e de prazer carnal em sua casa de campo e que sempre escolhe como amantes às viúvas mais recentes.
Hannah se enquadra perfeitamente dentro de suas expectativas.
Mas uma vez que estes dois apaixonados e escandalosos personagens se cruzam descobrem que não é tão fácil se libertarem das chamas do desejo, sem saírem chamuscados.
Capítulo Um
Hannah Reid, Duquesa de Dunbarton, era livre por fim. Livre da carga de um matrimônio que durara dez anos e livre do interminável tédio que foi o ano de luto posterior à morte do Duque, seu marido.
Era uma liberdade que estava esperando há muito tempo.
Uma liberdade que merecia uma celebração.
Casara-se com o Duque cinco dias depois de conhecê-lo.
Sua Excelência, impaciente por celebrar as bodas, comprou uma licença especial em vez de esperar que corressem os proclamas. Hannah tinha dezenove anos e o Duque, setenta e tantos. Ninguém sabia exatamente, embora alguns assegurassem que se aproximava perigosamente dos oitenta.
Naquela época, a Duquesa possuía uma beleza encantadora, uma figura fina e esbelta, olhos azuis que rivalizavam com o céu estival, um rosto alegre sempre disposto a esboçar um sorriso, e uma cabeleira longa e ondulada, tão loira que quase parecia branca. Uma loira platina lustrosa.
O Duque, pelo contrário, tinha um porte e um rosto que mostravam os estragos do passar do tempo e da má vida que possivelmente levara. Além disso, sofria de gota. E de uma doença cardíaca que fazia que seu coração não pulsasse com um ritmo estável.
Hannah se casara com ele por seu dinheiro, é claro, já que esperava se converter em uma viúva muito rica em questão de um par de anos quando muito. Conseguira ser uma viúva rica, incrivelmente rica, de fato, embora tivesse que esperar mais do que pensara a princípio, para obter a liberdade e desfrutar de tal riqueza.
O velho Duque adorara até o chão que ela pisava, tal como rezava o dito popular. Dera-lhe tantas roupas que se alguma vez ocorresse vestir todas de repente, acabaria asfixiada sob seu peso. A fim de acomodar todas as sedas, cetins e peles, inclusos restos das roupas e acessórios – muito dos quais só usara uma ou duas vezes, antes de descartá-los por outros novos – viram-se obrigados a converter em um segundo roupeiro, o dormitório de hóspedes adjacente ao seu roupeiro de Dunbarton House, a residência ducal situada em Hanover Square, em Londres.
O Duque mandou construir não um, nem dois, nem três, mas até quatro cofres de segurança nas paredes do dormitório ducal, para guardar as joias que foi dando de presente a sua amada ao longo dos anos, embora ela gozasse da liberdade para abrir e fechá-los ao seu desejo e para escolher as peças que desejava usar em cada ocasião.
Foi um marido devoto e indulgente.
A Duquesa sempre se vestia de maneira impecável. E sempre ia coberta de joias ostentosas e grandes. Normalmente coalhadas de diamantes. Levava diamantes no cabelo, nas orelhas, no decote, nos pulsos e em mais de um dedo de cada mão.
O Duque mostrava seu troféu por aonde ia, sorrindo orgulhoso e olhando-a com adoração.
Em seus anos de juventude devia ser mais alto que ela, mas a idade o tinha curvado, necessitava de bengala para caminhar e passava a maior parte do tempo sentado.
Sua Duquesa se mantinha perto dele sempre que estavam juntos, mesmo que se tratasse de uma festa e abundassem os pares de dança.
Hannah o atendia com um característico meio sorriso em seus lindos lábios. Projetando a imagem da esposa devota nessas ocasiões. Ninguém podia dizer o contrário.
Quando era impossível o Duque sair, uma situação cada vez mais frequente conforme passavam os anos, outros Cavalheiros acompanhavam a sua Duquesa aos eventos nos quais a alta Sociedade se entretinha sempre que invadia a capital. Havia três Cavalheiros em particular que serviam de acompanhantes, Lorde Hardingraye, Sir Bradley Bentley e o Visconde de Zimmer. Os três eram bonitos, elegantes e simpáticos. Era evidente que os três desfrutavam da companhia da Duquesa e vice-versa.
E ninguém duvidava nunca do que incluía tal desfrute.
A única dúvida que abrigava a alta Sociedade e que se perguntavam com frequência, embora jamais se obtivesse uma confirmação cortante, era se o Duque estava a par ou não, do muito que desfrutava sua esposa. Inclusive havia quem se perguntasse se o Duque dera seu beneplácito à situação. Entretanto, por mais delicioso que fosse o escândalo – no caso de serem verdadeiros – quase todos sentiam simpatia pelo Duque, sobretudo porque dada sua idade, despertava a pena de seus pares, e preferiam duvidar antes de vê-lo como a um pobre ancião corno.
Essas mesmas pessoas gostavam de referir-se à Duquesa como a buscadora de ouro carregada de diamantes, frequentemente com o adendo, que vai de cama em cama.
Tais pessoas costumavam ser mulheres.
E de repente a deslumbrante vida social da Duquesa, seus escandalosos namoricos e o espantoso encarceramento que supunha ser seu matrimônio com um homem velho e doente chegaram ao fim numa manhã cedo, com a inesperada morte do Duque, que sofrera um ataque do coração.
Entretanto, não foi tão cedo quanto esperava, quando aceitou casar-se com ele, claro.
Por fim, tinha a fortuna que ansiava, embora pagasse com acréscimo por ela.
Familia Huxtable Quintet
1- Primeiro Vem o Casamento
2- Então Venha me seduzir
3- Por Fim chega o Amor
4- Seduzindo Um Anjo
5- Uma Aventura Secreta
Série Concluída