Sir Geoffrey Hamelin arriscou sua vida para salvar a de uma bela e misteriosa dama durante uma perigosa travessia por mar.
Já em terra, Leah de Pecham fica sabendo que seu belo salvador está inconsciente e gravemente ferido.
Ninguém pergunta por ele, ninguém o espera; e ela não quer abandoná-lo à sua sorte.
De modo que o leva para sua casa na Cornualha, onde diz a seu pai e a seu sinistro irmão, Odo, que o moribundo é seu marido.
Graças aos cuidados de Leah, Geoffrey acorda e, embora não possa se lembrar de nada de seu passado, pouco a pouco se recupera de seus ferimentos e dá graças aos céus por ter uma esposa tão atenciosa, sensual e disposta a satisfazer suas necessidades.
Mas a mentira acaba por se revelar, com consequências inimagináveis…
Comentário rfevisora Tania Candida: É um livro florzinha, sem muitas emoções, mas a gente torce para que dê tudo certo para os dois. É bonzinho.
Capítulo Um
Inglaterra, 1333.
Quando já divisavam claramente os brancos escarpados de Dover, Sir Geoffrey Hamelin se agarrou aos cordas da embarcação de um só mastro e rezou para que continuasse a intervenção da divina providência.
Era um homem alto e corpulento, de músculos sólidos, cujo tamanho por si só tinha bastado para mantê-lo a salvo nas perigosas ruelas estreitas de Paris.
Não obstante, Geoffrey admitia sua vulnerabilidade quando se tentava enfrentar à superioridade da Natureza.
Achava-se ante um inimigo ao que não podia derrotar, então só podia lutar até ficar em pé.E isso no melhor dos casos. Seria doloroso e humilhante esvaziar suas vísceras no agitado Canal da Mancha, sobretudo quando a tortuosa travessia estava a ponto de terminar e se encontrava na presença de uma das mais formosas criaturas de Deus.
Tinha reparado na formosa dama no momento em que embarcaram em Calais, quando ele ainda era capaz de perceber o que acontecia a seu redor.
Ela possuía um ar muito triste e, pelo que podia ver, encontrava-se sozinha. Era estranho que uma dama viajasse sem acompanhante e isso chamou sua atenção.
Tinha estado a ponto de abordá-la. Entretanto, depois da desagradável experiência de sua primeira e única travessia do Canal, ficou sob a proa para ter um pouco de intimidade.
Durante as escassas horas da humilhante viagem à Inglaterra, preferia sofrer o mortificante mal-estar a sós na adega de carga, o que foi um erro de julgamento.
Tanto de fora como no piso de baixo, fervia-lhe o estômago. Procurando desesperadamente distrair-se, permitiu-se lançar um olhar à enigmática dama.
A mesma brisa que enviava as ondas a golpear contra a embarcação, balançava sua capa negra com capuz, oferecendo sedutoras formas de sua elegante figura embelezada em seda escarlate.
O capuz batia em torno de seu rosto de feições clássicas, acariciado por cabelos que semelhavam fios de ouro. Ao mesmo tempo em que admirava sua beleza, não podia menos que invejar o sentido do equilíbrio dela.
Uma mão de delicados dedos segurava serenamente a amurada enquanto que seus próprios dedos se agarravam até ficarem brancos.
Outra onda sacudiu o navio e seu estômago deu um salto pondo à prova sua força de vontade. Aspirou uma profunda baforada de ar e foi capaz de fazer frente ao desafio do Canal.
Dessa vez. Maldição; odiava os navios, quase tanto como odiava a ideia de abandonar Paris para retornar à propriedade de seu pai.
Só por sua irmã pequena estava disposto a sofrer deste modo, para garantir que seu iminente casamento fosse com um homem com o que ela não tivesse objeções.
Como seu irmão mais velho se encontrava na Itália, correspondia-lhe o dever de proteger Eloise, se pudesse, da avareza de seu pai.
A lei ditava que uma mulher não podia ser obrigada a casar-se sem dar seu consentimento, mas Geoffrey conhecia muito bem o desdém de seu pai pelas leis que não serviam a seus propósitos.